Estatal petrolífera está no foco do mercado após a saída de seu presidente-executivo e a indicação de um substituto pelo Ministério de Minas e Energia
O Ibovespa cai na abertura do pregão desta quarta-feira (15), com a Petrobras sob os holofotes, após o presidente-executivo da companhia, Jean Paul Prates, deixar a estatal e o Ministério de Minas e Energia manifestar intenção de indicar Magda Chambriard, ex-ANP, como substituta.
Às 10h40, o Ibovespa tinha uma queda de 0,69%, aos 127.622,65 pontos, em um dia ainda marcado pelo vencimento de opções do índice e dados de preços ao consumidor nos Estados Unidos, que subiram menos do que o esperado em abril. O contrato futuro do Ibovespa com prazo mais curto, em 12 de junho, recuava 1,06%. O dólar à vista tinha alta de 0,45%, negociado a R$ 5,15.
A Petrobras informou em fato relevante na terça-feira que recebeu de seu presidente-executivo, Jean Paul Prates, uma solicitação para que o conselho de administração da estatal se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como CEO. Em fato relevante posterior, a empresa afirmou que o Ministério de Minas e Energia manifestou a intenção de indicar Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), como substituta de Prates.
As notícias derrubaram os papéis da petroleira na abertura, com os papéis preferências (PETR4) registrando uma queda de 7,93% na bolsa brasileira, em meio a riscos para a governança citados por analistas, e o impacto negativo se estendeu para a abertura dos mercados domésticos nesta quarta-feira.
Em relatório a clientes, o Goldman Sachs avaliou a mudança no comando da Petrobras como notícia negativa. “Com base em nossas conversas com investidores, acreditamos que o mercado viu o Prates como um bom conciliador entre os interesses dos investidores e do governo. Além disso, acreditamos que o anúncio de hoje pode reacender preocupações sobre a potencial intervenção política na empresa”, explicou o banco.
No cenário econômico, o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 0,34% em março na comparação com o mês anterior, em dado dessazonalizado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de uma queda de 0,25%, e o resultado foi o primeiro no vermelho depois de quatro meses de ganhos.
Ainda assim, o índice fechou o primeiro trimestre do ano com expansão de 1,08%. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve um recuo de 2,18%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 1,68%, de acordo com números observados.
A economia brasileira vem apresentando bom desempenho neste início de ano, favorecida principalmente pelo consumo diante de uma inflação sob controle, aumento da renda e mercado de trabalho firme. Analistas consideram ainda que o pagamento de precatórios no primeiro trimestre ajudou a atividade.
O Comitê de Política Monetária (Copom) observou em sua última reunião piora em expectativas de inflação, prêmio de risco e percepção fiscal, disse nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao justificar a decisão da autarquia de reduzir o ritmo de afrouxamento monetário. O BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual na quarta-feira, para 10,50%, reduzindo o ritmo de afrouxamento monetário após seis cortes seguidos de 0,50 ponto.
No cenário corporativo, a JBS, maior processadora de carnes do mundo, reportou lucro de R$ 1,646 bilhão no primeiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 1,45 bilhão registrado no mesmo período do ano passado. O Nubank apurou lucro líquido de US$ 378,8 milhões, um salto de mais de 160% em relação ao lucro de US$ 141,8 milhões registrado no mesmo período de janeiro a março do ano passado. Já a Eneva registrou um prejuízo de R$ 60,9 milhões no primeiro trimestre, versus lucro de R$ 222,9 milhões no mesmo período em 2023.
Apesar do clima doméstico avesso ao risco, o exterior fornecia algum suporte, depois que dados mostraram que os preços ao consumidor dos Estados Unidos aumentaram menos do que o esperado em abril.
O índice de preços ao consumidor subiu 0,3% no mês passado, depois de avançar 0,4% em março e fevereiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, de 3,5% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,4% no comparativo anual.
O resultado sugere que a inflação norte-americana retomou sua tendência de queda no início do segundo trimestre, em um impulso para as expectativas do mercado financeiro de um corte na taxa de juros em setembro.

